A partir do dia 16 de agosto, a campanha eleitoral começa efetivamente quando está autorizada a propaganda eleitoral. Neste momento que se inicia um processo eleitoral, convido os eleitores a uma reflexão.
No jogo democrático, todas as partes possuem seus direitos e seus deveres. Ouvimos muito falar sobre como os nossos representantes devem agir com a responsabilidade que o cargo exige. Mas pouco falamos sobre a responsabilidade do eleitor, que está na ponta do processo eleitoral. As eleições deste ano, com prazos mais curtos e limitações de doação e tempo de televisão, o eleitor tem um papel fundamental. Mas será que nosso eleitor está pronto para essas mudanças?
Pesquisas mostram que o eleitor brasileiro está cada vez mais apático. De acordo com a Agência Brasil, nas últimas eleições presidenciais, os votos brancos e nulos somaram 9,64% dos votos totais, e os eleitores que não compareceram às urnas somaram 27.698.199, o que significa 19,39% do total. No Tocantins, em 2014, votos brancos, nulos e abstenções passaram dos 30%. Nas três últimas eleições o número de abstenções e de votos nulos e brancos cresceu tanto em proporção quanto em quantidade.
A apatia do eleitor é natural, pois continua achando que os candidatos são todos farinha do mesmo saco, o que não é verdade. Assim como em tudo na sociedade, existem os bons e os maus. Outro erro do eleitor é não acompanhar seu candidato. A maioria já nem se lembra em quem votou no pleito anterior, nem quais promessas foram feitas.
Outro fator de apatia: nas eleições majoritárias o que mais orienta o eleitor são as pesquisas, algumas sérias e responsáveis, outras nem tanto, o que considero um verdadeiro desserviço. Além disso, nos programas eleitorais, raramente os candidatos conseguem passar sua verdade. O modelo de TV publicitária vende-os como produtos de prateleira de supermercado de fácil aceitação, sem gordura e conservante.
Sabemos que não é fácil estar no papel de eleitor. Mas como disse Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. Faço uma reflexão, existe político corrupto em país de gente honesta? Existe corrupto sem corruptor? O que queremos da política e dos políticos? Como mudaremos se não participarmos?
Se passarmos a pensar em um eleitor mais interessado em avaliar melhor o seu candidato, concluiremos que se o eleitor fizer a sua parte, muita coisa pode melhorar. Em seu famoso poema Analfabeto Político, Bertold Brecht retrata com simplicidade que nossos problemas sociais são fruto das consequências de nossas escolhas, o “pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve e não fala, nem participa dos acontecimentos políticos”. Simples assim!
Luana Ribeiro
É deputada estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa
1ª Secretária da UNALE (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais)
Membro da COPA (Confederação do Parlamento das Américas)
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Twitter: @luanaribeiroto
*artigo publicado no Jornal do Tocantins no dia 17/08/15.